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Bibi tinha quase um ano quando o pediatra nos aconselhou: “A Sociedade Brasileira de Pediatria passou a recomendar que as crianças façam uma primeira avaliação no oftalmologista após completarem um ano de idade.” Como já conhecíamos uma especialista em crianças, agendamos a consulta de rotina.

Confesso que fiquei bastante comovida com o diagnóstico da médica: Gabriela já tinha miopia. Na hora precisei conter as lágrimas. Não pelo fato de saber que ela teria que usar óculos porque isso não é um problema (obviamente, iria preferir que não fosse necessário). Mas por saber que ela tinha uma dificuldade para enxergar que eu nunca havia notado. Coisa de mãe que quer sempre estar no controle de tudo, proteger de todas as formas. Por não se tratar de um grau elevado, a oftalmologista disse que não seria necessário usar óculos antes dos 3 anos, apenas deveríamos fazer um controle semestral para avaliar a progressão da miopia.

De fato Gabi sempre enxergou muito bem. Nunca a vi forçando os olhinhos para ver nada. Nunca notei qualquer problema em enxergar objetos mais distantes.

Os 3 anos chegaram e fomos fazer a avaliação que nos mostraria ao certo o grau que ela tem. No consultório, sentada naquela cadeirona preta, Gabi observava a letra E na parede enquanto segurava uma outra letra E. Ela deveria mostrar com a letra que estava em suas mãos a posição da letra projetada (em pé, deitada, ao contrário). No começo, a letra estava em tamanho grande e Gabi conseguia reproduzir sua posição. Mas a letra foi diminuindo e chegou o momento em que ela parou e ficou pensativa. A médica perguntou se ela estava enxergando a letra E e minha mocinha disse que não. Como da primeira vez, fiquei emocionada. No exame mais detalhado a conclusão: astigmatismo e miopia no olho esquerdo, nada no direito. Então, entendi perfeitamente porque nunca havia notado a dificuldade, ela compensava com o olho que enxerga sem alterações.

Nunca mostramos o fato de usar lentes corretivas como algo negativo para a Gabi. Até porque o Rodrigo usa o tempo todo e eu, em alguns momentos. Fizemos a maior festa no dia em que fomos escolher a armação. Aliás, foi ela quem as escolheu. Fizemos duas: uma de silicone para correr e ir para a escola e outra convencional, toda cheia de brilhinhos. Eu aproveitei e fiz um novo óculos para mim. Saímos as duas de óculos da ótica. Nada melhor do que o exemplo para incentivar. A adaptação tem sido muito boa. Ela sabe que enxerga melhor assim e usa os óculos.

Quero muito chamar a atenção de todos para a importância de levar as crianças logo após o primeiro ano de vida ao oftalmologista. Assim como o nosso, o pediatra da minha sobrinha também deu a mesma orientação. Mas fiquei muito surpresa ao procurar a Sociedade Brasileira de Pediatria e ser informada que eles desconhecem essa afirmação. Disseram que o próprio pediatra precisa fazer os exames e só encaminhar a criança ao oftalmologista se observar alguma alteração. A questão é que nem todos estão preparados para observar problemas de refração e podem não perceber que a criança precisa de ajuda.

A Caderneta de Saúde da Criança, feita pelo Ministério da Saúde, cita o teste de acuidade visual que deve ser feito aos 4 anos de idade e diz que, em geral, deve ser realizado na escola. Eu não conheço esse procedimento.

O fato é que se eu não tivesse levado Gabriela apenas por rotina ao oftalmo quando ela tinha 1 ano, não teria descoberto sua necessidade por lentes. No caso dela, então, seria bastante sério pois, já que possui um dos olhos com visão 100% nítida, o cérebro passa a ignorar o olho míope e só usa o outro. Se esta situação persiste até os 7 anos, torna-se irreversível.

Por isso posto hoje este texto para estimular os pais a levarem precocemente seus filhos ao oftalmologista. Se descobrirem que está tudo ok, ficarão mais tranquilo. Se observarem alguma alteração poderão tratá-la sem prejuízos à visão do seu filho.

Se você tiver alguma informação sobre aquela orientação oficial de levar a criança com um ano ao oftalmo ou sobre os testes em consultórios pediátricos e escolas, coloque nos comentários para que possamos entender melhor esse processo.